sábado, 18 de outubro de 2008

Importuna Razão, não me persigas

Importuna Razão, não me persigas;
Cesse a ríspida voz que em vão murmura;
Se a lei de Amor, se a força da ternura
Nem domas, nem contrastas, nem mitigas;

Se acusas os mortais, e os não abrigas,
Se (conhecendo o mal) não dás a cura,
Deixa-me apreciar minha loucura,
Importuna Razão, não me persigas.

É teu fim, teu projecto encher de pejo
Esta alma, frágil vítima daquela
Que, injusta e vária, noutros laços vejo.

Queres que fuja de Marília bela,
Que a maldiga, a desdenhe; e o meu desejo
É carpir, delirar, morrer por ela.



Manuel Maria Barbosa Du Bocage

1 comentário:

J. disse...

"(...) e o meu desejo
É carpir, delirar, morrer por ela."

:)

por isso é que a verdadeira luta é sempre entre a razão e o coração.